Invertebrados sabem atirar
Metade da década de 90. Durante a batalha dos 16 bits, protagonizada por Sega e Nintendo e pelos dois mascotes mais carismáticos da indústria, criar um game de plataforma sem encanadores ou porcos-espinhos parecia um convite ao fracasso. Era preciso ser diferente. Earthworm Jim (1994) conseguiu.O título da Shiny Entertainment traz um dos protagonistas mais surreais da história - a minhoca (earthworm, em inglês) Jim vivia pacificamente, fazendo coisas típicas de um anelídeo, como fugir de corvos e remoer terra. Entre um buraco e outro, o protagonista encontra a ultra-high-tech-indestructible-super-space-cyber-suit, um macacão oriundo do espaço roubado e perdido pelo vilão Psy Crow.
Dentro da roupa esquisita, Jim sofre mutações, ganha massa muscular, braços, pernas, uma pistola e até uma cueca samba-canção de bolinhas (que sempre desaba durante a apresentação). Jim é agora herói de uma aventura espacial, e dele depende a saúde de princesas e galáxias.
Gráficos
Uma das coisas que chamam a atenção em Earthworm Jim é o tamanho do protagonista. Ao contrário dos pequeninos co-espécimes de Worms (1994), o mais novo herói do cosmos ocupa generoso espaço na tela. A amplitude do sprite de Jim permite ao jogador visualisar detalhes da roupa, arma e braços (?).
O design das fases é uma surpresa. Assim como em Bugs Bunny (1996), você não vai encontrar duas fases parecidas. Jim passa por fazendas, cidades, pelo inferno e até por uma corrida de motocas futuristas em falso 3D. O design do protagonista também é único - segue o estilo cool e irreverente consolidado por Sonic (1991), mas com doses maiores de humor.
Som
Assim como a miscelânea de estágios, o mix de músicas chama a atenção. Earthworm Jim foge dos beeps sintetizados e genéricos e flerta com vários gêneros musicais. Escuta-se rock, jazz, country e há até um flerte com a música erudita.
Os efeitos sonoros fazem a parte deles, mas de maneira mais genérica. O som das armas, movimentos e inimigos não chega a impressionar, mas também não atrapalha.
Jogabilidade
Infelizmente é o aspecto mais problemático do game. É difícil entrar no ritmo quebrado do jogo. A movimentação entre declives e aclives é de uma fluidez ímpar, mas quando Jim tira os pés do chão ou dá de cara com um inimigo os problemas começam.
O tamanho de Jim na tela e a velocidade de deslocamento tem um preço: os inimigos surgem muito rápido. Em várias ocasiões você tem meio segundo ou menos para pular ou fugir, pois o ataque, como é normal, tem algum delay. Resultado: as passadas largas precisam ser balanceadas com pausas esporádicas, a não ser que o jogador decore a fase por completo.
Outro problema é a ausência de dicas do game em determinadas situações. Não é divertido descobrir depois de vários minutos que é necessário atirar numa alavanca quase invisível na metade da fase para prosseguir. Esse defeito atinge até a tela de continue - ao apertar pra esquerda meio que sem querer, acabei voltando para o início... sem o jogo pedir confirmação.
Conclusão
Earthworm Jim cumpre o seu papel ao ser um divertido game de plataforma fora de Mushroom Kingdom e Green Hil Zone. É hilário catapultar vacas, enfrentar eletrodomésticos enfurecidos ou usar a cabeça do anelídeo como chicote.
O bom humor do game felizmente oculta os probleminhas já citados. Tanto é que pelo menos três novas versões da série foram lançadas, e uma quarta está sendo preparada para estrear no Xbox 360. Que novas piadas inventarão?
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